13 de novembro de 2007

A violência mora em casa

Por Mariana Cauduro

Choro, gritos, bofetadas. Cleide Alves é empregada doméstica e tem apenas 24 anos. Pele morena, estatura baixa, cabelos longos e negros. Cleide sofreu, há algumas semanas, um dos tipos mais comuns de violência enfrentados pela mulher pernambucana: a agressão física. Por conta disso, está com as duas pernas quebradas, um corte do rosto e escoriações por todo o corpo.
A doméstica faz parte de uma estatística. Está entre as 505 mulheres que sofrem algum tipo de violência diariamente - verbal, física ou psicológica. De acordo com dados fornecidos pelo Fórum de Mulheres de Pernambuco, entidade que congrega 67 organizações da sociedade civil, desde do início do ano até o mês de outubro, 236 mulheres foram assassinadas no Estado, sendo três somente no último final de semana. A maioria dos crimes foi cometida por companheiros e maridos que não aceitavam o fim do relacionamento.
Segundo a coordenadora do fórum, Joana Santos, as agressões, quando não resultam em morte, acarretam danos à saúde física e mental das vítimas. Para ela, algumas medidas implementadas foram importantes para proteger as mulheres dos agressores, entretanto, ainda há muito o que fazer.
"O governo tem realizado algumas iniciativas, como a lei Maria da Penha, no sentido de reduzir a violência doméstica contra mulheres. Mas alguns procedimentos jurídicos ainda não alcançaram a repercussão desejada. As denúncias vêm aumentando nas delegacias, contudo, ainda são insuficientes os juizados especiais para prestar atendimento as vítimas de forma rápida", disse.
Segundo ela, os homicídios ainda guardam ligação com o sistema patriarcal. "As agressões são praticadas principalmente por homens que têm relações de possessividade ccm essas mulheres", concluiu. Apenas em 2006, no estado de Pernambuco, mais de 300 mulheres – quase uma por dia – foram assassinadas diariamente, por seus próprios parceiros. As vítimas são principalmente jovens, negras e pobres.

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