30 de novembro de 2007

Somos muitas marias iguais em tudo e na sina...

Por Andréa Xavier
Exemplo no combate à violência contra a mulher, a biofarmacêutica cearense Maria da Penha conseguiu mudar as leis de proteção às mulheres em todo o país depois de lutar por quase 20 anos para que seu ex-companheiro fosse condenado. Ela sofreu um atentado que a deixou paraplégica, mas a cadeira de rodas não impediu que Maria da Penha lutasse pelos direitos dela e de todas as “marias”.

O crime aconteceu em 1983 quando o professor universitário Marco Antônio Herredia tentou matar a esposa Maria da Penha duas vezes. Na primeira vez, deu um tiro e ela ficou paraplégica. Na segunda tentou eletrocutá-la. Apenas oito anos depois de ter sido denunciado no Ministério Público Estadual o professor foi condenado a oito anos de prisão, mas entrou com recurso na justiça para protelar o cumprimento da pena. Em 2002 o acusado foi preso e cumpriu apenas dois anos de prisão em regime fechado. Hoje está em liberdade.

“Me senti muito injustiçada quando descobri que meu marido tinha atentado contra minha vida, em uma simulação de assalto. A partir daí comecei a notar como as mulheres sofriam com a violência dentro de casa”, conta Maria da Penha. Segundo uma pesquisa realizada pela Fundação Perseu Abramo o espancamento atinge quatro mulheres por minuto no Brasil. O estudo apontou também que cerca de uma em cada cinco mulheres declaram ter sofrido algum tipo de violência. Ainda é pequeno o número de vitimas que denunciam a agressão por medo de sofrer novamente violência ou de se expor.

A lei Maria da Penha lançada em agosto do ano passado aumentou o rigor nas punições das agressões contra a mulher ocorridas no âmbito doméstico ou familiar, o agressor agora pode ser preso em flagrante ou preventivamente, e o tempo máximo de permanência na prisão aumentou de um para três anos.

Maria da Penha hoje atua em movimentos sociais e coordena estudos e pesquisas da Associação de Parentes e amigos de Vítimas de Violência (APAVV), no Ceará. A luta dessa “maria” continua. A punição do ex-marido desta cearense deu força para que outras mulheres seguissem o exemplo desta guerreira e também lutassem por seus direitos denunciando os mal-tratos sofridos. “Não adianta conviver. Porque a cada dia essa agressão vai aumentar e terminar em assassinato,” alerta Maria da Penha.


Disque-Denúncia: 3421-9595

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