12 de março de 2009

Igreja Católica e suas contradições

Por Manuela Lira
Exatamente na semana em que se comemora o dia Internacional da Mulher, um crime bárbaro choca Pernambuco e conseqüentemente o Brasil. Dessa vez a vítima – uma criança de apenas nove anos de idade, o réu - o padrasto de 23.
Não preciso escrever nessas linhas, o quanto uma covardia moral, física e psicológica choca uma nação solidária como a brasileira. No entanto, essa triste história não pára por aí, se não fosse a gestação de gêmeos conseqüente do ato libidinoso do estupro.
Apesar das divergências entre as instituições que trabalham em defesa da vida. Agora a garota está viva e se recupera bem. E isso só aconteceu graças ao profissionalismo, à ética e o bom senso da equipe médica do Centro Integrado de Saúde Amaury de Medeiros (Cisam), em Recife.
Por outro lado, a Igreja Católica representada na pessoa do arcebispo de Olinda e Recife Dom José Cardoso Sobrinho, declarou a ex-comunhão da criança. Como se não bastasse todo o processo de recuperação físico, psicológico, moral que a vítima será submetida para que possa sentir-se individua sadia na sociedade, a Igreja Católica concedeu-lhe mais um estigma de a ‘ex-comungada’.
Além da criança, houve a ex-comunhão da equipe médica que realizou o aborto legal das crianças, pois a medicina já teria justificado que era necessário para salvar ao menos a vida da mãe.
Com essas atitudes antidemocráticas e fundamentalistas. Eu pergunto a Excelentíssima Igreja Católica Apostólica e Romana onde está o direito à vida e os respeito aos inocentes se o próprio Jesus disse “ Bem aventurados os puros de coração”.
Para o arcebispo, Dom José Cardoso Sobrinho o réu cometeu um crime grave, mas não é meritório de uma ex-comunhão. Por que o aborto é contra a vida, mas estupra crianças não chega a tanto! Por ironia do destino, hoje, (dia 11) a Secretaria de Ressocialização do Estado (SERES) divulgou que o meliante teria tentado suicídio, cortando os pulsos com fios de náilon.
E agora é um motivo bastante para excomungá-lo? Certamente a linha de raciocínio coerente não é essa. Não se trata de perseguir ou exigir uma punição eclesiástica para ninguém , mas delimitar o espaço de fiéis por exercerem eticamente a sua profissão no intuito de salvar vidas é ser facista e autoritário.
No dia Internacional da Mulher, o Papa Bento XVI deu um pronunciamento que soa como machista ao considerar que a máquina de lavar roupas fez mais pela libertação da mulher no século 20 do que a pílula anticoncepcional ou o acesso ao mercado de trabalho.
Sem dúvida é uma observação muito interessante, que traça um perfil entre a submissão doméstica- que um aparelho dá mais condição à mulher de ser emancipada do que a conseguir sua independência financeira e reprodutiva.
Paradoxalmente a essa série de fatos, a Campanha da Fraternidade 2009 tem como lema : “A paz é fruto da Justiça”. Novamente fica aqui uma reflexão em que a Igreja Católica tem fundamentado a defesa da vida e o respeito ao próximo?

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